Narrativas de Nícolas – 6 anos – 1º ano – Não alfabetizado
1 - Patinho Feio
O patinho era bem feio quando ele nasceu. Quando ele foi abandonado a mãe sentiu dó. Daí ele foi procurar alguém que queria ele. Daí, quando alguém quis ficar com ele, ele virou um belo cisnei.
Daí ele tava com fome e foi pescar “peixões”, daí ele foi passear um pouco e daí estava com calor e foi dar um mergulho na água fresquinha.
O patinho era bem feio quando ele nasceu. Quando ele foi abandonado a mãe sentiu dó. Daí ele foi procurar alguém que queria ele. Daí, quando alguém quis ficar com ele, ele virou um belo cisnei.
Daí ele tava com fome e foi pescar “peixões”, daí ele foi passear um pouco e daí estava com calor e foi dar um mergulho na água fresquinha.
2 – Três Porquinhos
Era uma vez três porquinho, um quis fazer casa de madeira e veio o lobo e assoprou toda casa de madeira, aí se quebrou toda, se dismontou toda.
O outro quis fazer de palha, daí o lobo veio de novo e conseguiu assoprar, daí a casa se desmanchou toda e daí o outro porquinho quis fazer de tijolos e daí o lobo veio assoprar e ficou assoprando, assoprando e nunca conseguiu dimoli a casa.
Era uma vez três porquinho, um quis fazer casa de madeira e veio o lobo e assoprou toda casa de madeira, aí se quebrou toda, se dismontou toda.
O outro quis fazer de palha, daí o lobo veio de novo e conseguiu assoprar, daí a casa se desmanchou toda e daí o outro porquinho quis fazer de tijolos e daí o lobo veio assoprar e ficou assoprando, assoprando e nunca conseguiu dimoli a casa.
Narrativa de Eric - 6 anos – 1º ano - Não alfabetizado
Patinho Feio
Era uma vez a mamãe pata. Ela tirou alguns ovos da barriga e daí alguns nasceram, 10 nasceram bonitinho e um nasceu feio e daí quando que encontraram a mamãe porca, a mamãe galinha e a mamãe gata com seus filhinhos e daí elas falaram “Que patinho feio!” Quem queria ficar com ele? E daí o patinho ficou triste e foi embora e daí ele encontrou o “cisnei” e o “cisnei” tava brincando de lutinha e daí ele viu que o patinho feio ia se “nusfoma” no “cisnei” e daí quando chegou no ano que ele ia se “nusfoma” ele se “nusfomo” num “cisnei” bem bonito e daí ele foi brincar de lutinha com os outros e daí o “cisnei” bonito derrotou todos eles.
Minha Análise
Entrevistei primeiramente o Nícolas, que tem 6 anos e freqüenta o 1º ano do ensino de 9 anos, ele é um menino esperto, desinibido, inteligente, tem boa dicção e um vocabulário bem variado, dando pistas que as pessoas com quem convive têm um bom nível de cultura e letramento pois, quando perguntei se ele gostava de histórias e se saberia me contar alguma ele respondeu com outras perguntas como “sei muitas mas que espécie de história tu quer ouvir?”. Respondi que a que ele mais gostasse e ele foi claro quando disse que a que ele mais gostava era muito longa e ele não saberia contar toda. Eu lhe disse então que poderia ser qualquer outra e ele optou pela do Patinho Feio. Depois perguntou se poderia contar outra pois achou-a muito curta. Concordei e ele contou a dos Três Porquinhos, mas ainda assim não ficou satisfeito e teria insistido em contar outra se não tivesse dado o sinal para o recreio.
Percebi claramente o desenvolvimento cognitivo e afetivo na narrativa de Nícolas, pois como li em Gurgel, 2009, “ adquirir a fala é um passo transformador em termos cognitivos, uma vez que é a linguagem que organiza o pensamento” e isto o garoto demonstrou compreender muito bem ao separar a ficção dos contos de fadas (onde animais falam ) do real.
Já na narrativa de Eric encontrei a combinação entre a ficção e o relato de experiências, quando refere a brincadeira de lutinhas e a vitória do personagem principal. Pude constatar também que Eric é uma criança com muitas dificuldades de dicção, pouco vocabulário, dificuldade de expressar-se sinalizando conviver com pessoas mais humildes com baixa escolaridade e que seus modelos de comunicação na família têm um vocabulário mais restrito, e oferecem poucas oportunidades de construção da sua oralidade. Resta à professora estimular a imaginação do pequeno nas rodas de conversa, nas leituras dos textos, na exploração oral e dramatização das historinhas e no espaço potencial que é uma área de experiência onde a criança pode brincar com a realidade, pode dar sentido pessoal aos elementos do ambiente elaborando-os à sua maneira com liberdade de criação para que aprenda a construir narrativas estimule a atividade mental e então desenvolva a oralidade.
Entrevistei primeiramente o Nícolas, que tem 6 anos e freqüenta o 1º ano do ensino de 9 anos, ele é um menino esperto, desinibido, inteligente, tem boa dicção e um vocabulário bem variado, dando pistas que as pessoas com quem convive têm um bom nível de cultura e letramento pois, quando perguntei se ele gostava de histórias e se saberia me contar alguma ele respondeu com outras perguntas como “sei muitas mas que espécie de história tu quer ouvir?”. Respondi que a que ele mais gostasse e ele foi claro quando disse que a que ele mais gostava era muito longa e ele não saberia contar toda. Eu lhe disse então que poderia ser qualquer outra e ele optou pela do Patinho Feio. Depois perguntou se poderia contar outra pois achou-a muito curta. Concordei e ele contou a dos Três Porquinhos, mas ainda assim não ficou satisfeito e teria insistido em contar outra se não tivesse dado o sinal para o recreio.
Percebi claramente o desenvolvimento cognitivo e afetivo na narrativa de Nícolas, pois como li em Gurgel, 2009, “ adquirir a fala é um passo transformador em termos cognitivos, uma vez que é a linguagem que organiza o pensamento” e isto o garoto demonstrou compreender muito bem ao separar a ficção dos contos de fadas (onde animais falam ) do real.
Já na narrativa de Eric encontrei a combinação entre a ficção e o relato de experiências, quando refere a brincadeira de lutinhas e a vitória do personagem principal. Pude constatar também que Eric é uma criança com muitas dificuldades de dicção, pouco vocabulário, dificuldade de expressar-se sinalizando conviver com pessoas mais humildes com baixa escolaridade e que seus modelos de comunicação na família têm um vocabulário mais restrito, e oferecem poucas oportunidades de construção da sua oralidade. Resta à professora estimular a imaginação do pequeno nas rodas de conversa, nas leituras dos textos, na exploração oral e dramatização das historinhas e no espaço potencial que é uma área de experiência onde a criança pode brincar com a realidade, pode dar sentido pessoal aos elementos do ambiente elaborando-os à sua maneira com liberdade de criação para que aprenda a construir narrativas estimule a atividade mental e então desenvolva a oralidade.
Um comentário:
QUERIDA ALUNA SANDRA CARONI!
Muito boa a sua entrevista com o aluno Nicola, essa entrevista vem provar a capacidade que as nossas crianças, certamente essa criança tem uma família que lhe oportuniza um desenvolvimento cognitivo mais apurado do que aparece em outras crianças que já não tem as mesmas oportunidades. Minha querida as tuas colocações apresenta clareza, embasamento teórico com reflexões questionadora.
Meus parabéns! Obrigada por tuas postagens. Um grande abraço,
Geny Schwartz da Silva
PEAD/FACED/UFRGS
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