segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Estágio Supervisionado

Reflexão referente ao EIXO VIII

22 a 28/11

Um olhar diferente

Considerando as reflexões publicadas no meu wiki do estágio, no início deste período encontrei alguns obstáculos que eram, possivelmente, produtos da minha ansiedade e insegurança, a começar pela sensação de desacomodação, pela inquietação frente a um novo desafio e pela expectativa de propor um fazer diferenciado. Mas, passado o primeiro impacto, gradualmente tudo começou a andar. Surpreendi-me na busca de ações (a trilha cultural, a dramatização da releitura das fábulas, as apresentações das pesquisas efetuadas na internet, etc.) que proporcionassem, aos alunos, experiências prazerosas de aprendizagem e que enriquecessem o seu universo cultural e social.

As dificuldades acentuadas de leitura e interpretação constatados no início diminuíram bastante ao final, pois os alunos já conseguiam identificar e relatar detalhes e personagens da leitura. Minha insegurança com os “desvios da rota” foi, aos poucos, se dissolvendo e tornando-se uma experiência e um estímulo na busca de novos atrativos para a resolução ou, pelo menos, a diminuição das dificuldades encontradas. Um dos grandes obstáculos vencidos foi o das tecnologias, pela falta do espaço adequado e do acesso a internet que foi sanado no início do mês de Maio.
Os planejamentos seguiram uma tabela/horário determinado pelos próprios alunos, para que não houvesse sobrecarga de material na mochila, onde era observada uma sequência nas disciplinas, havendo, no entanto, uma integração dos conteúdos de forma a integralizar aprendizagens.
Neste contexto descobri que as teorias dos grandes pensadores como Piaget (1967), Paulo Freire (1996), Vigotski (1994), Montessori (1926), Freinet (1978) entre outros, nos permitem conhecer o verdadeiro sentido do fazer pedagógico e nos levam a participar da transformação do nosso aluno através da construção dos conhecimentos.

Educação de Jovens e adultos

Reflexão referente ao EIXO VII
15 a 21/11

Uma experiência apaixonante

Este semestre trouxe-me saberes, até então, pouco conhecidos. Na Educação de Jovens e adultos conheci o público participante deste território da educação, suas histórias, dificuldades, objetivos e aspirações. Conforme constatei em minha saída de campo, são pessoas com “experiências de vida acumuladas, culturas multifacetadas, idades diferenciadas, a maioria pobre, com pouca ou nenhuma escolaridade anterior, vítimas de experiência de violência e exclusão” ( Comerlato, 1998 ). O adulto, geralmente migrante das áreas rurais, filhos de trabalhadores do campo não qualificados, busca alfabetizar-se ou dar continuidade aos estudos já iniciados a partir de suas vivências e suas reflexões sobre o mundo e sobre si mesmo. A aprendizagem escolar vem acrescentar novos conhecimentos permitindo uma outra resignificação das construções já adquiridas. Quanto às dificuldades dos alunos adultos, podemos dizer que o cansaço, a fome, o sono e a linguagem escolar, entre outras, são os maiores inimigos de uma experiência bem sucedida, enfrentar uma sala de aula após um dia de trabalho árduo, com uma alimentação fora dos padrões de nutrição faz da escolarização uma expectativa de evasão. Os jovens, em situação de exclusão devido a múltiplas repetências sentem-se envergonhados, humilhados tornando-se inseguros quanto a sua própria capacidade, influenciando assim a sua aprendizagem, o que estaria relacionado com a falta de sintonia entre a escola e o aluno, quando sabemos que a escola funciona baseada em regras específicas que configuram um modelo escolar onde há um professor que ensina e estabelece regras para um grupo de alunos que deve aprender e obedecer e, dominar esta mecânica da escola pode ser crucial para o desempenho do indivíduo. (Oliveira, 1987, p.19-29) Mas felizmente, esta realidade está mudando. Com o advento do letramento as práticas pedagógicas estão transformando o processo de aquisição de códigos em um conjunto de práticas sociais onde a fala, a escrita e a leitura dependem do contexto social, da idade e gênero do indivíduo entre outras coisas. Essas diferenças não impedem a comunicação entre as pessoas que se utilizam de vários tipos de linguagens ao mesmo tempo para se fazer entender.

Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais

Reflexão referente ao EIXO VI
08 a 14/11

Um primeiro contato...


Meus pais moravam no atual Bairro Jardim Botânico desde a década de 30. Há mais ou menos 50 anos atrás ( eu tinha uns 5 ou 6 anos ) chamava-se Bairro São Luís. Este bairro fica entre a Avenida Bento Gonçalves e a Avenida Protásio Alves, isto é, entre o Hospital Psiquiátrico São Pedro e a colônia agrícola, que abrigava os pacientes menos agressivos e servia para ocupá-los na plantação de hortifrutigrangeiros que reforçava a alimentação do hospital. Esta colônia ainda está lá ( mas não sei se continua com a mesma finalidade ) e fica na atual perimetral ( Av. Salvador França ) atrás do Jardim Botânico . Meu avô paterno, dois filhos e dois genros trabalhavam no hospital e moravam na colônia com funções de dar ocupação e cuidados àqueles seres excluídos e abandonados pelas famílias por trazerem todo tipo de constrangimento frente a sociedade.
Mesmo não morando neste bairro, vínhamos quase todas as tardes e os finais de semana, tendo uma convivência muito harmoniosa com toda a família.
Muitos dos pacientes do hospital, andavam de lá prá ca e daqui prá lá em pequenos grupos ou sozinhos e nós os conhecíamos pelos nomes que eles mesmos adotavam. Assim, conhecíamos o Gravatinha ( +ou- 42anos ), que gostava muito e sempre andava de terno e gravata. Este, além de problemas mentais tinha problemas também nas cordas vocais já que não se entendia quase nada do que falava, ele gostava muito da minha tia, que tinha quinze anos na época, e fazia verdadeiras declarações inclusive pedindo-a em casamento que era entendido só pelos gestos. Tinha o Dedeco, que fazia pequenos serviços por um copo de cachaça - e havia sempre quem desse - e por isso estava sempre bêbado. Tinha o Salamito que era um senhor de seus cinquenta e poucos anos, barrigudo, que usava sempre camisa social, de boa qualidade e calças xadrez com suspensórios. O Salamito sempre parava para conversar onde havia crianças, ele tinha sempre, nos bolsos das calças, pacotes com balas e rapaduras para distribuir, conversava fluentemente e contava ser de família caxiense muito rica e que estava lá por ter enloquecido ( ele, eventualmente, ainda tinha surtos ) ao perder a esposa que amava muito, logo após o casamento. Lembro ainda do Molóide, chamado assim por ser muito vagaroso, com movimentos muito lentos e passos arrastados. Ele usava sempre um chapelão de palha com aba muito larga, falava muito pouco e sussurrado. Eles eram muitos mas estes foram os que mais marcaram na minha memória.
Naquela época, não nos detínhamos na observação das reações mentais daqueles indivíduos diferentes, apenas os conhecíamos e os respeitávamos como pessoas doentes, frágeis e sensíveis ao nosso trato.